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Iniciação Científica no Ensino Médio do IFSP: um diferencial no protagonismo e no potencial acadêmico

Publicado: Terça, 07 de Outubro de 2025, 10h04 | Última atualização em Terça, 07 de Outubro de 2025, 10h04 | Acessos: 49

Dra Michele Oliveira da Silva

Pedagoga e coordenadora do Napne/ IFPS/ Campus Birigui

Genivaldo de Souza Santos

Docente do Campus Birigui

O Ensino Médio representa, na vida do estudante, uma etapa repleta de desafios, que envolve tanto a preparação para o mundo do trabalho quanto a continuidade dos estudos, seja no curso técnico e/ou no Ensino Superior. Muitas vezes, essa etapa é reduzida à preparação para exames seletivos, negligenciando o desenvolvimento da autonomia intelectual e do espírito investigativo.

No IFSP, os alunos do Ensino Médio têm a oportunidade de atuar como jovens pesquisadores no desenvolvimento de projetos científicos, sob a orientação de profissionais com formação superior. Esses orientadores estimulam os estudantes a formular problemas, coletar dados e apresentar conclusões fundamentadas em evidências científicas sobre determinados temas. O processo de aprendizado envolve a pesquisa em fontes confiáveis, o cumprimento de critérios científicos e normas do Comitê de Ética, além da análise e divulgação dos resultados de forma clara e objetiva — habilidades indispensáveis em uma época marcada pela intensa produção e circulação de fake news.

Quando questionada sobre a experiência de ter participado de um projeto de iniciação científica ainda no Ensino Médio, a ex-aluna do curso técnico em Administração integrado ao Ensino Médio, agora estudante do curso de bacharelado em Ciências Sociais na Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Lívia Helena Nicolau da Silva, relatou:

“Com certeza foi de extrema importância eu ter participado de um projeto de iniciação científica, digo que foi um dos marcos da minha vida. Não são todos os estudantes do ensino público que podem ter essas oportunidades - uma iniciação científica no Ensino Médio com bolsa CNpq, ter ganhado uma feira de ciências na USP e agora ser contemplada com uma publicação. Essas conquistas abrem e abriram portas no mundo acadêmico que acabo de entrar. Só tenho que agradecer ao IFSP Campus Birigui por ter me apresentado esse caminho.”

Ainda no Ensino Médio, Lívia participou do Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica e/ou Tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. No ano seguinte, integrou o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Ensino Médio (PIBIC-EM), no qual desenvolveu a pesquisa Síndrome de Asperger e a família: reflexões a partir da ética da alteridade, sob a orientação do professor Dr. Genivaldo de Souza Santos e com a colaboração da coordenadora do NAPNE, Prof.ª Dra. Michele Oliveira da Silva.

Essa pesquisa foi publicada recentemente na Revista de Educação Especial, classificada como A2 de acordo com o sistema de avaliação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A classificação A2 corresponde ao segundo nível mais elevado, o que significa que a revista possui alto reconhecimento acadêmico e relevância científica, sendo bastante valorizada em avaliações de produtividade científica no Brasil. Segue o link para a visualização: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/87403

O professor Dr. Genivaldo destacou:

“A publicação, em um periódico tão bem classificado (A2), de uma pesquisa realizada no âmbito de uma iniciação científica (CNPq) sobre a relação entre o TEA e a família, a partir de um olhar ético, é fruto de um trabalho compartilhado e coletivo. Esse resultado evidencia o protagonismo da estudante orientanda Lívia Helena, que assumiu papel central na condução do estudo, demonstrando maturidade intelectual e sensibilidade ética. Esse êxito também foi possível graças à coorientação da Prof.ª Dra. Michele e ao empenho dos(as) servidores(as) que acreditam no potencial emancipador da educação.”

Ele ressaltou ainda que a estrutura educacional do IFSP é um diferencial no desenvolvimento dos estudantes:

“Junto ao ensino, a extensão e a pesquisa fazem parte do tripé formativo que sustenta o IFSP. A iniciação científica, proporcionada já no ensino médio, estimula o espírito investigativo e científico, ao mesmo tempo que amplia o olhar do(a) estudante e o aprofunda em uma área específica do conhecimento. Esse estímulo tem o potencial de gerar autonomia, confiança e protagonismo estudantil, preparando-o(a) para os desafios presentes no ensino superior.”

O IFSP compreende a iniciação científica no Ensino Médio como um investimento na formação integral do estudante, despertando vocações, revelando talentos e formando cidadãos capazes de refletir criticamente sobre a realidade em que vivem.

Assim, valorizar a iniciação científica é reconhecer seu papel estratégico na construção de uma educação mais significativa — que une teoria e prática, conhecimento e transformação social. Trata-se de uma educação concebida integralmente, com o propósito de formar profissionais críticos, autônomos e socialmente engajados.

Referências

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 2015.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 54. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 24. ed. São Paulo: Cortez, 2016.

SILVA, Lívia Helena Nicolau da; SANTOS, Genivaldo de Souza.; SILVA, Michele Oliveira. Transtorno do Espectro Autista e a família: desafios e possibilidades a partir da Ética da Alteridade. Revista Educação Especial, v. 38, n. 1, 2025. e60/01-22. DOI: 10.5902/1984686X87403.

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