EXIBIÇÃO DE FILME DÁ INÍCIO AO CINEif Brasil
Teve início, nas manhãs dos dias 28 e 30 de junho, nas turmas dos cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, o CINEif Brasil, um ciclo de exibições de filmes nacionais que tem por objetivo atender à lei 13.006 de 26 de junho de 2014, que determina a exibição de filmes de produção nacional como componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola.
Mais do que cumprir a legislação, o CINEif Brasil propõe a prática da intertextualidade, na medida em que abre um debate temático sobre a obra exibida, correlacionando-a a outros campos do conhecimento, e analisa as técnicas de construção fílmicas, chamando a atenção dos alunos para a composição das cenas, ou seja, a maneira como a história é mostrada ao espectador, considerando aspectos como a posição das câmeras (que retratam pontos de vista), as tomadas feitas, o som, a luz, o figurino, a interpretação dos atores, o roteiro, dentre outros.
Na abertura do evento, a Profa. Dra. Andréia Aparecida Cecílio, coordenadora do Núcleo Comum, que abriga as disciplinas básicas do Ensino Médio, explicou que as exibições serão periódicas e que, em cada mês, professores convidados serão responsáveis por coordenar os debates, direcionando as discussões dos alunos, buscando correlacioná-las aos conteúdos que estão sendo desenvolvidos nas aulas. “Projetos como esse, mais do que simplesmente cumprir uma legislação, aproximam os alunos às artes. Foi uma decisão conjunta do colegiado de professores o início imediato do CINEif Brasil com a exibição de filmes nacionais: todos julgaram de extrema importância para dar destaque à produção do nosso país”.
O primeiro filme exibido foi o longa metragem “Quanto vale ou é por quilo” (2005), do diretor Sérgio Bianchi, cuja história se ocupa da situação do negro no Brasil contemporâneo, traçando um paralelo com a época da escravidão e lançando questionamentos como: o que mudou desde a abolição da escravatura? Será que o negro consegue ocupar o mesmo lugar social que os brancos? O filme debate, ainda, o papel das ONGs no desenvolvimento social.
Após a exibição do filme em cada uma das classes, sob a coordenação do Prof. Dr. Eduardo César Catanozi, professor da disciplina de Língua Espanhola, houve um debate sobre a obra e o fazer cinematográfico. Em seguida, o professor analisou o poema “Píntame Angelitos Negros”, do poeta venezuelano Andrés Eloy Blanco, e a música “Angelitos Negros”, de Javier Solís, a qual foi baseada no poema. Tanto no poema quanto na música, o eu-lírico questiona o motivo de, nas pinturas clássicas, os pintores retratarem apenas anjos brancos, como se crianças negras não tivessem lugar no céu. Na sequência, apresentou um texto em língua espanhola publicado no jornal espanhol “El País”, que trata da situação do negro na Espanha atual. “Atividades como essa se filiam à corrente teórica da interculturalidade, que se ocupa do ensino de uma língua estrangeira também como espaço de comparação da cultura local com outras culturas, mostrando o que é diferente e enfatizando a identidade nacional”, explicou o professor de língua espanhola.
A aluna Gabriela Sebba Abdo, aluna do Técnico Integrado em Administração, acha muito interessante a criação de um Ciclo de exibições de filmes brasileiros, pois eles acabam retratando a realidade do nosso país e não refletem uma visão hollywoodiana. “Eu gostei muito do filme, pois fiquei chocada com a maneira como os negros eram tratados antigamente e ainda mais perplexa quando percebi que há muito daquela época na nossa, mas de maneira velada”.
NEABI
Uma vez que o filme exibido questiona a condição do negro na sociedade atual, essa sessão inicial do CINEif Brasil contou com a colaboração do NEABI – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do IFSP, o qual tem como objetivo desenvolver atividades educativas de ensino, pesquisa e extensão ligadas às questões étnico-raciais para que o racismo e a xenofobia não fiquem à margem e sejam tratadas com a devida seriedade no âmbito do IFSP.
Para o Técnico em Assuntos Educacionais Renato Felix Lanza, responsável pelo NEABI no IFSP – Câmpus Birigui, a escolha desse filme tem uma dupla importância: “conferir o devido destaque ao cinema nacional e, principalmente, dar continuidade, no câmpus, às discussões sobre os direitos das diferentes etnias”, comentou.
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