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NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) na 1ª Jornada do IFSP

Publicado: Segunda, 13 de Novembro de 2017, 20h25 | Última atualização em Sexta, 24 de Novembro de 2017, 16h49 | Acessos: 1951

NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) na 1ª Jornada do IFSP Cubatão e Semana da Consciência Negra

 

Durante a 1ª Jornada do IFSP, realizada entre os dias 6 e 9 de novembro de 2017, na cidade de Cubatão-SP, ocorreu - em meio às atividades gerais - a programação do NEABI. Dentre as atividades, tivemos o lançamento do Dossiê NEABI 2016/2017, que resume as atividades realizadas pelo núcleo, e do NEABI Indica 2, que aponta livros, filmes e atividades sobre temas afins. Realizou-se também mesa redonda sobre A Promoção da Diversidade Étnico-Racial, palestra sobre Africanidade, mesa redonda acerca do Resgate da Cultura Indígena, oficina de Contação de história, premiação do II Concurso Literário, roda de conversa com os Bolsistas da Extensão, palestra sobre Racismo, roda de conversa sobre Ações Afirmativas, oficina de Turbantes, e palestra sobre Ensino de Ciências (anexo fotos).

 

E, entre as poesias vencedoras, tivemos a da profª Joyce H. F.dos Santos:

 

SOU  MULHER, SOU GUERREIRA, SOU LÍDER

 

Sou negra,  sou indígena,  éramos  livres  com a  natureza

Que  beleza ! Até  o dia  que  chegaram os  colonizadores

 Eu, Teresa de Benguela, após morte de meu esposo

Tornei-me líder do Quilombo,

Eu,  índia Malinche me associei a  Hernan Cortés

Fui a  responsável pela comunicação entre  os índios e  os espanhóis,

Auxiliei a  conquista do México

Eu, índia Vanuíre, caigangue, do raiar  do dia  ao anoitecer

Cantava em cima  de um jequitibá para terminar um conflito

E enfim, eu  Luisa Mahin .Ai de  mim, lutei e lutei

Fui escrava, comprei minha  liberdade e como quitutera

Articulei a  revolta do Malês e a Sabinada

Nós indígenas ou negras fizemos a história

Costuramos a  paz,choramos  por  ela, sofremos

 Mas criamos com o coração,  o sonho da  liberdade

 Que se  fez  realidade

Independência, Igualdade  e  fraternidade foi tudo o que

Um coração feminino queria, por  isso a  ação de sentir

De  sentir,  de  se  envolver, de  se  entregar  para  uma  causa

E isso trouxe  como prêmio a  esperança de  um mundo melhor

 com menos  dor e  com a certeza  da autonomia de  uma  nação,

 

Destacamos a importância das atividades para conscientização acerca do problema do racismo e intolerância, que está presente no cotidiano brasileiro, muitas vezes disfarçado e negado. Os fatos e dados que confirmam essa situação são nítidos e podemos apresentar alguns:

 

http://www.nfnoticias.com.br/noticia-8272/%E2%80%9Cfomos-taxados-como-macacos-como-macumbeiros%E2%80%9D-denuncia-estudante-no-evento-do-iff

Indicamos que se busque os dados do IBGE e dos jornais que mostram as disparidades econômicas e sociais que ocorrem em porcentagens alarmantes entre as populações negras e brancas. Percorram os bairros periféricos, as escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio (tendência que se inverte no ensino superior), as graduações e pós-graduações, as faculdades de medicina, direito e engenharia... após isso, reflita!

No dia a dia e no próprio evento, recebemos o depoimento de alunos que tiveram seus sonhos bloqueados, destruídos, que sofreram e choraram muitas vezes em silêncio sob o peso do preconceito e do bullying. Estes expõem suas dificuldades, suas amarguras perante a sociedade. Porém, também tivemos depoimentos de lutas, de vitórias, de superação! Poesia! Orgulho! Retomada de sonhos!

A exposição que fizemos das cientistas e pensadoras negras e indígenas no dia do evento só reforça o apagamento e, assim, a necessidade de divulgação, já que a maioria não era conhecida pela sociedade em geral. O preconceito e o ódio são fortes, mas não maiores que a força e união gerada por um povo unido, fraterno e esclarecido.

Convidamos a todos para a mudança de paradigma. O Brasil é multirracial, multicultural... não cabe espaço para preconceitos! Somos filhos de Indígenas, Negros, Europeus, Asiáticos, Árabes...

Em um momento de emergência de ódio e intolerância, cabe ao educador e, assim, ao IFSP, tomar seu papel perante a sociedade e lutar pelo fim do preconceito. A tarefa é árdua, os revezes serão grandes, mas a luta deve ser travada. Avante! Unidos! Inquietos, revoltados, insatisfeitos!

 

Renato Felix Lanza

Técnico em Assuntos Educacionais

Membro do NEABI

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