NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) na 1ª Jornada do IFSP
NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) na 1ª Jornada do IFSP Cubatão e Semana da Consciência Negra
Durante a 1ª Jornada do IFSP, realizada entre os dias 6 e 9 de novembro de 2017, na cidade de Cubatão-SP, ocorreu - em meio às atividades gerais - a programação do NEABI. Dentre as atividades, tivemos o lançamento do Dossiê NEABI 2016/2017, que resume as atividades realizadas pelo núcleo, e do NEABI Indica 2, que aponta livros, filmes e atividades sobre temas afins. Realizou-se também mesa redonda sobre A Promoção da Diversidade Étnico-Racial, palestra sobre Africanidade, mesa redonda acerca do Resgate da Cultura Indígena, oficina de Contação de história, premiação do II Concurso Literário, roda de conversa com os Bolsistas da Extensão, palestra sobre Racismo, roda de conversa sobre Ações Afirmativas, oficina de Turbantes, e palestra sobre Ensino de Ciências (anexo fotos).
E, entre as poesias vencedoras, tivemos a da profª Joyce H. F.dos Santos:
SOU MULHER, SOU GUERREIRA, SOU LÍDER
Sou negra, sou indígena, éramos livres com a natureza
Que beleza ! Até o dia que chegaram os colonizadores
Eu, Teresa de Benguela, após morte de meu esposo
Tornei-me líder do Quilombo,
Eu, índia Malinche me associei a Hernan Cortés
Fui a responsável pela comunicação entre os índios e os espanhóis,
Auxiliei a conquista do México
Eu, índia Vanuíre, caigangue, do raiar do dia ao anoitecer
Cantava em cima de um jequitibá para terminar um conflito
E enfim, eu Luisa Mahin .Ai de mim, lutei e lutei
Fui escrava, comprei minha liberdade e como quitutera
Articulei a revolta do Malês e a Sabinada
Nós indígenas ou negras fizemos a história
Costuramos a paz,choramos por ela, sofremos
Mas criamos com o coração, o sonho da liberdade
Que se fez realidade
Independência, Igualdade e fraternidade foi tudo o que
Um coração feminino queria, por isso a ação de sentir
De sentir, de se envolver, de se entregar para uma causa
E isso trouxe como prêmio a esperança de um mundo melhor
com menos dor e com a certeza da autonomia de uma nação,
Destacamos a importância das atividades para conscientização acerca do problema do racismo e intolerância, que está presente no cotidiano brasileiro, muitas vezes disfarçado e negado. Os fatos e dados que confirmam essa situação são nítidos e podemos apresentar alguns:
Indicamos que se busque os dados do IBGE e dos jornais que mostram as disparidades econômicas e sociais que ocorrem em porcentagens alarmantes entre as populações negras e brancas. Percorram os bairros periféricos, as escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio (tendência que se inverte no ensino superior), as graduações e pós-graduações, as faculdades de medicina, direito e engenharia... após isso, reflita!
No dia a dia e no próprio evento, recebemos o depoimento de alunos que tiveram seus sonhos bloqueados, destruídos, que sofreram e choraram muitas vezes em silêncio sob o peso do preconceito e do bullying. Estes expõem suas dificuldades, suas amarguras perante a sociedade. Porém, também tivemos depoimentos de lutas, de vitórias, de superação! Poesia! Orgulho! Retomada de sonhos!
A exposição que fizemos das cientistas e pensadoras negras e indígenas no dia do evento só reforça o apagamento e, assim, a necessidade de divulgação, já que a maioria não era conhecida pela sociedade em geral. O preconceito e o ódio são fortes, mas não maiores que a força e união gerada por um povo unido, fraterno e esclarecido.
Convidamos a todos para a mudança de paradigma. O Brasil é multirracial, multicultural... não cabe espaço para preconceitos! Somos filhos de Indígenas, Negros, Europeus, Asiáticos, Árabes...
Em um momento de emergência de ódio e intolerância, cabe ao educador e, assim, ao IFSP, tomar seu papel perante a sociedade e lutar pelo fim do preconceito. A tarefa é árdua, os revezes serão grandes, mas a luta deve ser travada. Avante! Unidos! Inquietos, revoltados, insatisfeitos!
Renato Felix Lanza
Técnico em Assuntos Educacionais
Membro do NEABI
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